Neste segundo capítulo do setembro amarelo, o esporte como solução para depressão e ansiedade gera novos olhares. Desta vez, Marisa Lúcia Santiago Mello conta, sob o olhar clínico, como é enxergar as entrelinhas da depressão. Entre o excesso de vaidade aos traços constantes de uma pessoa neste estágio; até a cobrança exacerbada do rendimento. A psicóloga avalia questões para a formação de atletas retificando o trabalho psicológico a ser desenvolvido especialmente em esportes de alto rendimento.
O veículo oficial do Galo FA realizou uma matéria exclusiva para ‘abrir o jogo’ na linha de uma jarda referente a um tema pesado.
Entendendo o termo:
Temos que entender o que é depressão. Muitas vezes as pessoas confundem muito. Quando falamos de depressão, falamos de um transtorno que irá prejudicar o funcionamento normal da pessoa. Normalmente, a pessoa que tem um humor deprimido e perda do interesse ou prazer. As pessoas relatam uma tristeza intensa, diferente da do normal. A depressão muitas vezes é confundida com melancolia e tristeza. Todos podemos passar por situações específicas, mas são coisas diferentes, por isso temos que pensá-la como um transtorno.
Não existe um exame que confirme um diagnóstico de depressão. Normalmente, este diagnóstico é feito por uma anamnese¹ , onde o paciente relata os sintomas; e o exame psíquico, onde o médico observa esses sintomas. A pessoa pode ter: perda ou ganho de peso; insônia ou hipersonia; diminuição ou aumento do psicomotor; fadiga ou perda de energia; pouca concentração; dificuldade de pensar e indecisão; sentimento de inutilidade; pensamentos de morte. Portanto, existe uma série de evidências que mostram alterações químicas no indivíduo, principalmente nos neurotransmissores (serotonina, adrenalina e dopamina).
Quando falamos de vaidade, estamos falando de pessoas que se preocupam em excesso com suas capacidades e habilidades. Quando o indivíduo não se sente reconhecido ou valorizado, pode acarretar um sentimento de menor-valia que, se não for ressignificado este sentimento, pode virar uma bola de neve e desencadear transtornos mais sérios, até mesmo como depressivo. No entanto, é interessante ressaltar que é a pessoa que interpreta que não está sendo valorizada; não necessariamente significa que ela não está sendo valorizada. Ela entende isso. Este tipo de pessoa gosta de receber feedback, e muitas vezes, quando ela entende que não está obtendo, começa a ficar triste; começar a questionar as capacidades dela. – e aí vira uma bola de neve.
Mal do século: analisando traços de ansiedade e depressão
Segundo a profissional da área de saúde, o olhar diferenciado e clínico é utilizado de maneira cadenciada.
“O tempo todo estamos atentos – seja no alto rendimento ou na base –. Às vezes percebemos a mudança do atleta; suas atitudes, comportamento do cotidiano. Existem atletas que têm uma personalidade mais ansiosa ou melancólica (pode haver alterações de humor ou semelhantes). Normalmente este atleta é acolhido por nós e damos indicações para entendê-lo e minimizar tudo o que está acontecendo. Caso ultrapasse um limite, encaminhamos para um médico ou psiquiatra ou, em alguns casos, para uma psicologia clínica, se precisar de tratamento de terapia”, analisa Marisa, que enfatiza, atualmente, que ansiedade e depressão são o mal do século e atingem, em todo globo mais de trezentas milhões pessoas.
Dados comprovados pela OMS: um total de trezentos e vinte e dois milhões (4,4% da população).
“Fiquemos atento aos dois (ansiedade e depressão): as características são semelhantes. A ansiedade é um pouco mais desagradável e requer um caráter de urgência. Sempre se está pensando no futuro. Os atletas que começam muito jovens sempre estão sendo avaliados, vistos e aprendem a lidar com situações deste tipo. Eles têm que aprender que [essa ansiedade] é um processo natural da atividade que realizam”.
O dia a dia de um atleta frente a uma doença silenciosa
Foco, disciplina e esforço: este é o lema do Galo Futebol Americano. Se sua mente não está bem, tampouco o corpo está. A mestre em Ciência do Esporte enfatiza que o corpo de um atleta funciona de uma forma diferente. “Precisamos ficar atentos ao dia a dia de um atleta: o que está acontecendo; há algum problema em casa; ‘ele está rendendo ou não está rendendo?’ como está em questão de trabalho; relacionamentos amorosos ou familiares...Como está o desempenho. Isso tudo afeta diretamente o atleta. Fazemos uma varredura como um todo para acolher este atleta”.
Uma outra visão: dos benefícios do esporte ao Iceberg
É inegável os benefícios do esporte na vida social de uma pessoa. É, segundo Marisa, uma das chaves para que uma pessoa tenha benefícios na vida. Quando se trata de alto rendimento, porém, o caminho é duro, tortuoso (o sucesso é a ponta do Iceberg quando este consegue chegar ao profissional). “o aprendizado que o esporte traz: lidar com pressão, aprender a trabalhar em grupo, tomadas de decisão – coisas que temos no cotidiano –. o esporte traz isso para nós. Se não no alto rendimento, traz este desenvolvimento para empresas. As pessoas desenvolvem no âmbito psíquico-físico-socioemocional.
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